Ao longo do espectáculo houve tanto barulho, gargalhadas nervosas e gritinhos vitorianos que por momentos me senti a assistir a um filme da Disney em versão portuguesa. E se pensam que a plateia se resumia a mulheres de meia idade, desenganem-se.
Não só estavam presentes jovens homensexuais, casais (no caso daquelas que não conseguiram inventar uma desculpa credível), como avós de ar respeitável. Algumas pessoas revelaram-se espantadas com o cariz homossexual da peça revelado nos primeiros minutos por palmadas vigorosas em rabos alheios.
Acho isso estranho! Nunca vi um homem rebentar em alegre cantoria, acompanhada de movimentos de anca sem ser em festas de paróquia munido de um órgão ou acordéon - ainda mais nus, depilados e com um tom de solário...

Mesmo sabendo que uma vagina representa o bicho papão, não posso deixar de gabar a bela figura dos actores/cantores, que diga-se de passagem foi o que garantiu que a sala estivesse cheia nessa noite.
Por momentos senti-me num bar de alterne, pagando pela companhia de belos jovens, pelo vislumbre dos seus corpos formosos e bem definidos - sem a parte da notinha na tanga, porque, claro está, a tanga nunca existiu - depois fui desperta com um grito entusiasmado da minha colega do lado na altura em que um dos actores arrancou o smoking que envergava, revelando a roupa interior de lantejoulas que se escondia por baixo.
"Afinal estou no Passerelle" - pensei - "sem a parte desagradável do óleo corporal e a roupa branca de merengue."