quarta-feira, 24 de junho de 2009

Algo simples


Há uns tempitos atrás disse que gostava de fado.

Isso não faz de mim uma bairrista de mão à cinta e canasta à cabeça, nem amante de touradas, muito menos proveniente de uma família da com um monte no Ribatejo.

Foi com base neste conceito, que admito ultrapassado, que se apoiaram alguns músicos da nossa praça para pegarem na obra da Senhora Amália e fizeram adaptações de algumas canções.

Não tenho nada contra, embora ache que quando os músicos se viram para este tipo de trabalhos, normalmente estão um pouco postos na prateleira a ganhar pó e sem veia criativa pulsante para a criação de coisas novas.

O projecto Humanos foi muitíssimo bem sucedido neste sentido, o mesmo já não posso dizer deste caso muito em particular.

Não vou generalizar, porque só ouvi a adaptação do tema "Gaivota" - que os mais atentos se devem lembrar como sendo a minha música favorita da vasta carreira da diva.

Assim sendo, sinto-me pessoalmente agredida sempre que tenho o desprazer de ouvir a vocalista dos "The Gift" vomitando sílabas de tão belos versos.

Uso a expressão vomitar porque, para além da voz de bagaço característica, o ritmo utilizado é penoso, em golfadas de insuportável ruído para os meus tímpanos sensíveis.

Não sei também destrinçar o motivo que os levou a pensar que omitir parte da letra contribuiria para adicionar algum tipo de valor à versão.

Mas se calhar sou eu que tenho esta música em demasiada consideração e tome como um ataque pessoal.

Provavelmente, se tivesse entre as minhas músicas de eleição a música "Pó de arroz" do Carlos Paião, sentiria um incontrolável desejo de abater a tiro o Tiago Bettencourt na mata onde se encontrava empedrenido na altura em que gravou a sua versão, ao invés de querer simplesmente agredi-lo com uma pá - provavelmente.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Latão, chapa amarela

Pois é, já cá estou eu de volta.

Quando cheguei a primeira frase que saiu da boca da minha progenitora não foi de apreço, não foi de saudade, foi qualquer coisa do género:

"Nem parece que estiveste na praia! Estás com esse ar de drogada na mesma. Metes nojo!"

Pronto, podem não ter sido estas as palavras exactas, mas foi mais ou menos esta a ideia.

Podem até pensar que este tom de pele me incomoda.

De facto não.

Este tom amarelo foi cuidadosamente produzido graças à pouca exposição solar ao longo dos últimos anos. Não porque não goste de sol, porque não gosto de pessoas - também porque sempre que me descuidava tinha de me por a pau quando ia ao indiano, se não vinha de lá cheia de molho de tomate na testa...

Não fui muito à praia também porque desconfio que não só a totalidade da nação portuguesa se deslocou até ao Algarve nos feriados, como também parte da população mundial decidiu vir comemorar o Santo Antoninho estendida ao sol e de presunto fincado no areal (diz que os alemães, por exemplo, a seguir à Oktoberfest, não há festa que mais gostem que a da sardinha assada - dizem).

Nunca, no meu perfeito juízo me deslocaria para um sítio, onde teria de aguardar em filas, ao sol, sem estacionamento, onde as pessoas se amontoam na areia, quase que partilhando o suor entre cangotes...

Mas acima de tudo, a água cheia de gente - cheia de gente que nos salpica, que pela expressão nos seus rostos descaradamente contaminam a nossa parcela de líquido da vida com ureia provinda das suas entranhas, as distâncias socialmente aceites desrespeitadas...

Sinto-me como se de repente na minha banheira de casa, em vez de repousar o meu corpo sozinho, a ele se juntarem mais uns quantos. Mas nada de fantasiosos corpos masculinos atléticos bronzeados e depilados, não, ao invés, sou acompanhada por uma idosa de touca às flores com unhas dos pés a precisarem de um formão e um indivíduo de bigode negro, com um fio de oiro ao pescoço e uma farta carpete peitoral de igual cor.

Prefiro praias desertas, onde posso correr à beira de água, em câmara lenta, de encontro à pessoa amada, onde podemos rebolar na areia e andar a cavalo envergando roupas brancas de linho, contemplando o por do sol...Peraí, isto é um video clip dos Anjos - que à sua maneira também é uma visão do inferno.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Olá e até já

Epah, o já dizia o meu vizinho alcoólico do 2ª andar: "Trabalhar é daquelas coisas...eu cá não vou nessa."

E é verdade! Por minha vontade não estava tanto tempo metida neste gabinete, não fazia noitadas, não deixava o meu blog ao abandono, levava o dia todo no cumbibio com o pessoal deste bairro maravilhoso. Sim, vocês! Vocês
fazem os meus dias. Até há pouco tempo julgava-me perdida no mundo, depois, encontrei mais pessoas como eu, e isso fez-me querer puxar a camisola que tenho vestida até à cabeça e começar a correr de braços abertos pelo escritório, qual celebração de um golo.

Quer este post dizer que hoje tenho tempo, logo antes de me ir empanturrar com comida japonesa lá pos lados do Saldanha. Dado este pressuposto, esta tarde limitar-me-ei à nobre arte da digestão, e partirei de férias, como a maioria dos Portugueses.

É claro que pus a possibilidade de não partir rumo a sul, respeitando assim as recomendações do nosso excelentíssimo presidente da república, não indo de férias para poder exercer o meu direito de voto...Então não?

Volto daqui a duas semanas, mas levo-vos no coração.