terça-feira, 17 de março de 2009

Trapos

Já repararam como a partir de uma certa idade, para além das maleitas normais da passagem do tempo, as pessoas mais entradotas passam também a padecer da incapacidade de atravessar as estradas olhando para o trânsito?

Alguns, mais corajosos, chegam mesmo a claudicar alegremente, ignorando a presença de passeios, deslocando-se no meio da estrada de costas para as viaturas.

O que é que um condutor pode fazer contra isto?

Esperar que a travessia seja concluída à velocidade estonteante da bengala?

Buzinar para avisar? Não recomendo esta última, porque caí no erro de o fazer uma vez e ia provocando um ataque cardíaco à pobre idosa, que qual gato assanhado, pulou finalmente para o passeio. Agora que penso nisso, que fantástica agilidade! A sacana vinha a fazer-se...Eles andam mas é todos a fazer pouco de nós, só porque estão aborrecidos...Era pegar neles todos...

Possivelmente a melhor opção é mesmo a mais praticada na Avenida da Liberdade que consiste em não esperar que acabem de atravessar a estrada, ora não dissesse já um conhecido ditado popular: "mais vale perder uma vida num minuto, que um minuto no relógio de ponto"

23 comentários:

tiagugrilu disse...

Os idosos, esses sacanas...

- Querem é mamar comprimidos, pá...!

Há uns dias fiz questão de parar a meio de duas faixas e empancar o trânsito todo, porque reparei numa velhota que parecia estar na passadeira à 5 anos à espera que alguém se dignasse a parar. E mesmo assim, eu ia levando com 78 carros "petrás".

Mas fiz a boa acçao do dia. Depois fui espancar um preto e meio cigano.

Anônimo disse...

Meio? Era anão? Como é que chegava ao megafone para vender a mercadoria?

Anônimo disse...

Eu chamo-lhe a atitude "não me f*d@m que eu passei pelo 25 d'Abril."

tiagugrilu disse...

Sim, era anão. E obviamente não tinha um megafone. Tinha um microfone.

A disse...

este anónimo soa-me familiar... é impressão minha, ou vossa?

A disse...

sim as passadeiras... quando era catraio pedi umas muletas a um colega meu e comecei a atravessar na avenida dos aliados, a meio deixei-as cair, verguei-me a custo para as apanhar e quando as tinha na mão olhei para os carros com ar comprometido e fiz o resto da passadeira a correr.

bons tempos!

tiagugrilu disse...

É familiar é, mas afastado, ultimamente...

Volta, que estás perdoado!

tiagugrilu disse...

A,
Do que me foste lembrar... O "deixa aí dar uma voltinha" de muletas...

Anônimo disse...

Estou em crer que é impressão vossa. A menos que... papá? És tu?

Anônimo disse...

Lá no meu liceu também havia disso, mas confesso que nunca percebi o fascínio de passear de muletas. Além disso volta e meia havia esperas à porta e convinha estar sempre o mais leve e livre de movimentos possível. Para fugir, claro.

CBlues disse...

Pois, faço boas acções deixando pretos meio ciganos passar a passadeira, mas depois vou equilibrar o universo, espancando idosos com separadores de estrada.

CBlues disse...

Ai os tempos de secundário...ainda me lembro do som das canadianas...a caírem escadas abaixo, juntamente com o seu dono, porque os empurrávamos...Éramos jovens inconscientes. E bastante acrobáticos também...

CBlues disse...

Estou a ver que frequentaste escolas familiares como eu Anonimous...Tínhamos sempre pessoal desejoso que saíssemos das aulas para ir ter com eles ao fim do dia. Quem sobrevive a isso está pronto para o Vietname...

A disse...

a minha escola apareceu na tvi, por ter demasiada violência... na tvi!!

Anônimo disse...

Podes crer CBlues. Beirut, Bagdad e Teerão era para os que não aguentavam os cenários de guerra das escolas preparatórias e secundárias - sangue, selvajeria e trabalhos manuais (muitas vezes ao mesmo tempo, muito por culpa dos X-actos.)

A,
eu frequentei uma escola que ficava perigosamente perto do Casal Ventoso. No tempo em que a mera menção desse nome nos fazia desaparecer a carteira do bolso e nos dava uma ligeira moca. Bons tempos.
E se nunca apareceu na TVI foi porque a TVI ainda não existia. (Sim, eu sou um simpático septuagenário.)

CBlues disse...

A minha escola era na fronteira com Chelas, nunca apareceu na TVi porque as carrinhas de reportagem que lá entravam, saíam às peças e eram vendidas na feira da ladra ou do relógio.
Sei que não é nenhum Casal Ventoso mas vou tentar acrescentar algum dramatismos referindo que a nossa escola era dominada por skins - na fronteira com Chelas! Por isso era comum termos manos à nossa espera, mesmo que não partilhassemos os ideais dos nossos colegas carecas.

Anônimo disse...

Facto engraçado: até à quarta classe andei num extrenato, tendo daí seguido para a tal escola. Passei, portanto, de um mundo de pandas, arco-íris e algodão doce para um mundo de naifas, heroína e jogos de bate-pé (ok, nem tudo era mau.)
O que vale é que hoje podemos olhar para o passado e rir. Nervosamente e com tiques, mas rir ainda assim.

tiagugrilu disse...

"Nervosamente e com tiques, mas rir ainda assim"

Vénias.

tiagugrilu disse...

Eu uma vez, farto de levar porrada, decidi levar o X-acto no bolso das calças. Vêm os ciganos com a costumeira companhia dos socos, estaladas e puxões de cabelo (sim, à maria amélia) e eu saco do x-acto e faço um rasgo no braço de um. Tão bom.

E a professora ainda disse - quando eles FIZERAM QUEIXA DE MIM - que aquilo era uma faquita para barrar manteiga.

TOOOOOOMAAAA...!

CBlues disse...

Fico feliz por constatar que tudo o que passámos serviu para nos tornar pessoas mais fortes - e também com graves problemas sociais. Ainda hoje, quando me dizem que se querem meter nas minhas roupas, dou por mim a descalçar-me de imediato e a entregar a carteira e o telemóvel. E também passei do universo de campos verdejantes com coelhinhos brancos de um externato católico, para a selva urbana de pessoal das barracas que se divertia a atirar pedras às pessoas que passavam e gravidez adolescente.

CBlues disse...

Tiago, acabaste de fazer um aviso a luzes de néon a quem quer que vá contra ti. Peace...

Anônimo disse...

Podia ser pior, CBlues. Podiam atirar pedras às adolescentes grávidas.

CBlues disse...

Normalmente as grávidas eram queimadas às segundas numa fogueirinha ao pé do refeitório.